Fausto

 Quando olho para a esteira que o tempo me obrigou a deixar à ré da minha jornada, não é com pouca saudade que me recordo da enseada Batista das Neves emoldurando o imponente e sólido Colégio Naval. Berço de tantos militares ilustres, tem em minha memória a capacidade de ser o verdadeiro divisor de águas, visto que, disponho a cronologia da minha vida em “antes” ou “depois” do Colégio Naval. Evidentemente não poderia deixar de me colocar como participante de turma tão garbosa como a “nossa” Almirante Alexandrino. Orgulhoso, comento, sem conseguir dissuadir o entusiasmo, os anos passados e muito bem vividos naquela escola da vida. As brincadeiras na turma, o desenvolvimento do verdadeiro espírito de camaradagem, as amizades eternas, os que nos privaram do convívio físico, os que ficaram e resolveram traçar outras derrotas, os bailes(ah!…os bailes…), nossas famílias se encontrando quinzenalmente, as hidráulicas, as competições internas e externas, as dependências, os bizus, os “cactos” (me lembro do Guaurino – desculpem), “farmácia”, “guêta” …Ô, saudade!…

Vocês não fazem idéia do que é viver nessa angústia irremediável, esse desacerto no meu sextante, horizonte indefinido. Aceito até, hoje, que me rotulem de frustrado…pois eu sou mesmo. Não me envergonho mais. A vergonha que eu sinto é de não ter tido a coragem de permanecer navegando dentro da formação estipulada. Hoje, com certeza, seria outra pessoa. Caríssimos, perdoem-me pelo dasabafo, mas eu necessitava expor esse meu lado sombrio. Saibam todos que, para onde eu for ou onde estiver, falarei com muito orgulho que um dia fiz parte desta Turma e que carregarei cada componente dentro do meu coração…até depois do meu fim.

Sinto muito orgulho de todos vocês.

Cordialmente,

Fausto Luiz da Costa Guilherme (Urubu)
Tel. residência: 3346-3086